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Como evitar o parto prematuro em gestação de gêmeos?
Imagem meramente ilustrativa (Banco de imagens: Shutterstock)

Mais da metade dos gêmeos nascem prematuros, o que demanda cuidados especiais da gestante e equipe médica

Mulheres com gravidez gemelar devem fazer acompanhamento médico com um obstetra especializado em gestação de alto risco, visando a minimizar as complicações e evitar o parto prematuro em gestação de gêmeos. Gestar mais de um bebê resulta em uma probabilidade maior de haver contratempos tanto com a mãe quanto com a criança, incluindo o nascimento antes das 37 semanas1.

Dr. Alan Hatanaka

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Como acontece a gestação gemelar?

A gestação gemelar ocorre quando dois ou mais embriões se desenvolvem simultaneamente no útero, uma condição que tem se tornado cada vez mais frequente devido aos tratamentos de infertilidade conjugal. Portanto, é importante que as mulheres conheçam os principais tipos de gravidez múltipla: monozigótica e dizigótica.

Os gêmeos monozigóticos são popularmente chamados de “gêmeos idênticos”, pois resultam da divisão de um único óvulo fertilizado por um espermatozoide. Nesses casos, os gêmeos compartilham o mesmo material genético e são do mesmo sexo.

Já os gêmeos dizigóticos ou fraternos resultam da fertilização de dois óvulos diferentes por dois espermatozoides distintos. Esses gêmeos podem ser de sexos diferentes e não compartilham mais material genético do que compartilhariam com irmãos comuns.

Assim, para garantir a saúde desses bebês e da mãe, é importante conhecer também as complicações mais frequentes e as chances de parto prematuro em gestação de gêmeos.

Gêmeos têm mais chances de serem prematuros?

Sim, o parto prematuro em gestação de gêmeos é mais comum do que em gestações únicas. Segundo o Colégio Americano de Ginecologia e Obstetrícia (ACOG), cerca de 60% dos gêmeos nascem antes de 37 semanas de gestação, enquanto esse índice é de aproximadamente 10% em gestações únicas2.

Essa maior prevalência de prematuridade em gestações gemelares pode ser atribuída a vários fatores. Um deles é a sobrecarga uterina, ou seja, o útero precisa acomodar dois fetos em crescimento, o que pode levar a uma sobrecarga física e induzir o trabalho de parto prematuro2.

Além disso, essas mulheres têm um risco aumentado de desenvolver condições próprias da gestação, como pré-eclâmpsia, diabetes gestacional e placenta prévia, que podem precipitar o parto prematuro em gestação de gêmeos. Associado a isso, existem algumas razões médicas, como sofrimento fetal ou complicações maternas graves, que demandam a indução e realização do parto antes das 37 semanas2.

Complicações frequentes da gestação múltipla

Além do parto prematuro em gestação de gêmeos, é preciso estar atento a outras complicações que são mais frequentes nessas mulheres, gerando maiores riscos tanto para a mãe quanto para os bebês. Dentre elas, estão:

  • Pré-eclâmpsia, condição caracterizada por hipertensão arterial e eliminação de proteína na urina após a 20ª semana;
  • Diabetes gestacional;
  • Anemia;
  • Restrição de crescimento intrauterino.

Além dessas, ganha destaque a Síndrome da Transfusão Feto-Fetal, uma complicação que ocorre em gêmeos monozigóticos que compartilham a mesma placenta. Nesses casos, um feto recebe mais sangue do que o outro, levando a desequilíbrios significativos e a um maior risco de complicações, incluindo a prematuridade, malformações e até mesmo o óbito fetal2.

Por isso, manter o acompanhamento médico frequente e realizar os exames de imagem e laboratoriais indicados é essencial para essas mulheres.

Como evitar o parto prematuro em gestação de gêmeos?

A prevenção do parto prematuro em gestação de gêmeos envolve uma combinação de cuidados médicos, intervenções e mudanças no estilo de vida1,3-7. Algumas estratégias eficazes incluem:

  • Acompanhamento pré-natal regular com um especialista em gestação de alto risco;
  • Nutrição adequada;
  • Suplementação vitamínica adequada;
  • Acompanhamento através de ultrassonografia transvaginal para avaliação do colo uterino a partir da 16ª semana;
  • Uso de progesterona em pacientes com colo uterino curto;
  • Monitoramento de sinais de trabalho de parto prematuro;
  • Em situações específicas, cerclagem do colo uterino;
  • Atenção a doenças clínicas, como anemia, hipotireoidismo e trombofilia.

Quanto ao pessário, é importante ressaltar que, durante as pesquisas realizadas pelo Prof. Dr. Alan Hatanaka, foram observadas evidências de que, em gestação gemelar, ele não deve ser superior à progesterona na maioria das situações de colo uterino curto5,8.

Por outro lado, as evidências atuais demonstram que a progesterona só traz benefícios quando é utilizada por via vaginal (progesterona natural micronizada) em pacientes com comprimento de colo menor que 30mm. Ela não deve ser usada profilaticamente em mulheres com comprimento de colo normal, pois dados indicam que há uma piora no prognóstico9.

Em gestantes com comprimento de colo uterino menor ou igual a 15mm ou com dilatação ao toque vaginal, a cerclagem parece ser benéfica10,11.

Uma especial atenção deve ser dada à anemia, que é mais frequente na gestação gemelar. Sabe-se que ela é uma das causas de prematuridade espontânea, mas a sua profilaxia e o seu tratamento são fáceis, bastando, entre outras coisas, ferro oral profilático12.

Também é preciso tomar cuidado com o excesso de vitaminas, o que, hoje, virou moda, mesmo sem evidências científicas e sem comprovação de segurança. Por exemplo, o uso de altas doses de vitamina C (1g por dia) com vitamina E aumenta comprovadamente o risco de parto prematuro13-15.

A adequada ingestão de peixes ricos em ômega 3 parece estar associada à redução do risco de nascimento prematuro16. Agora, o uso isolado de suplementos com ômega 3 não parece reduzir isoladamente o risco de parto prematuro17. Esses achados levaram entidades como a Autoridade Europeia de Saúde Alimentar, o FDA e a OMS a não recomendarem a ingestão rotineira de ômega 3 na gestação.

As gorduras poli-insaturadas são importantes para a formação neuronal e possuem efeitos anti-inflamatórios. Assim, embora não existam evidências robustas de que a suplementação com ômega 3 seja benéfica na gestação, pacientes com baixa ingestão podem ser suplementadas com vitaminas contendo mais de 300mg de DHA.

A gestação gemelar requer um cuidado especial por parte da mulher e uma vigilância constante para minimizar os riscos associados. Com o acolhimento e o contato constante com o obstetra e a sua equipe, além da adoção de medidas profiláticas, é possível reduzir a probabilidade de parto prematuro em gestação de gêmeos e promover uma gravidez saudável e tranquila tanto para a mãe quanto para os bebês.

A equipe do Prof. Alan Hatanaka está aguardando o seu contato para iniciar a jornada de uma gravidez saudável e segura.

 

Referências bibliográficas

  1. Hatanaka AR, Souza E de, Ferreira EC, França MS, Souza RT. Predição do Parto Pré-Termo – Recomendações SOGESP. www.sogesp.com.br.
  2. The American College of Obstetricians and Gynecologists. Multifetal Gestations: Twin, Triplet, and Higher-Order Multifetal Pregnancies. Obstetrics & Gynecology. 2021;137(6):e145-e162. doi:10.1097/AOG.0000000000004397
  3. Goya M, De La Calle M, Pratcorona L, et al. Cervical pessary to prevent preterm birth in women with twin gestation and sonographic short cervix: A multicenter randomized controlled trial (PECEP-Twins). Am J Obstet Gynecol. 2016;214(2):145-152. doi:10.1016/j.ajog.2015.11.012
  4. Gordon MC, McKenna DS, Stewart TL, et al. Transvaginal cervical length scans to prevent prematurity in twins: a randomized controlled trial. Am J Obstet Gynecol. 2016;214(2):277.e1-277.e7. doi:10.1016/j.ajog.2015.08.065
  5. França MS, Hatanaka AR, Andrade Junior VL de, et al. Cervical Pessary Plus Progesterone for Twin Pregnancy with Short Cervix Compared to Unselected and Non-Treated Twin Pregnancy: A Historical Equivalence Cohort Study (EPM Twin Pessary Study). Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia / RBGO Gynecology and Obstetrics. 2020;42(10):621-629. doi:10.1055/s-0040-1713806
  6. Khalil A, Rodgers M, Baschat A, et al. ISUOG Practice Guidelines: role of ultrasound in twin pregnancy. Ultrasound in Obstetrics & Gynecology. 2016;47(2):247-263. doi:10.1002/uog.15821
  7. Coutinho CM, Sotiriadis A, Odibo A, et al. ISUOG Practice Guidelines: role of ultrasound in the prediction of spontaneous preterm birth. Ultrasound in Obstetrics & Gynecology. Published online July 29, 2022. doi:10.1002/uog.26020
  8. Pacagnella RC, Mol BW, Borovac-Pinheiro A, et al. A randomized controlled trial on the use of pessary plus progesterone to prevent preterm birth in women with short cervical length (P5 trial). BMC Pregnancy Childbirth. 2019;19(1):442. doi:10.1186/s12884-019-2513-2 PMID  – 31775669
  9. Rehal A, Benkő Z, De Paco Matallana C, et al. Early vaginal progesterone versus placebo in twin pregnancies for the prevention of spontaneous preterm birth: a randomized, double-blind trial. Am J Obstet Gynecol. 2021;224(1):86.e1-86.e19. doi:10.1016/j.ajog.2020.06.050
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  11. Hulshoff CC, Bosgraaf RP, Spaanderman MEA, Inthout J, Scholten RR, Van Drongelen J. The efficacy of emergency cervical cerclage in singleton and twin pregnancies: a systematic review with meta-analysis. Am J Obstet Gynecol MFM. 2023;5(7):100971. doi:10.1016/j.ajogmf.2023.100971
  12. ACOG – American College of Obstetricians and Gynecologists’ – Committee on Practice Bulletins—Obstetrics. Anemia in Pregnancy. Obstetrics & Gynecology. 2021;138(2):e55-e64. doi:10.1097/AOG.0000000000004477
  13. Adams JB, Kirby JK, Sorensen JC, Pollard EL, Audhya T. Evidence based recommendations for an optimal prenatal supplement for women in the US: vitamins and related nutrients. Matern Health Neonatol Perinatol. 2022;8(1):4. doi:10.1186/s40748-022-00139-9
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