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Prematuridade
Imagem meramente ilustrativa (Banco de imagens: Shutterstock)

Saiba quando o bebê é considerado prematuro, quais os riscos da prematuridade e como ela pode ser evitada

O relatório Born Too Soon (2023) sugere que, todo ano, mais de 1 milhão de crianças perdem suas vidas ao redor do mundo em função de nascerem prematuras. Isso corresponde à inaceitável marca de uma perda a cada 40 segundos. No Brasil, este cenário não é muito diferente. O estudo brasileiro EMIP demonstrou que a taxa de prematuridade em nosso país está em torno de 12,3% e que a taxa de mortalidade perinatal por prematuridade está em torno de 3,6 a cada mil nascidos vivos.

No texto a seguir, explicamos o que é prematuridade, quais suas causas e se é possível evitar que o bebê nasça antes do esperado.

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O que é prematuridade?

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), todo bebê que nasce com menos de 37 semanas de gestação é considerado prematuro, ou pré-termo.

A prematuridade pode ser classificada de acordo com a idade gestacional e com o peso ao nascimento.

Idade gestacional

  • Prematuros extremos: aqueles que nascem antes das 28 semanas;
  • Muito prematuros: entre 28 e 31 semanas;
  • Moderados: os que nascem entre 32 e 34 semanas de gestação;
  • Prematuros tardios: aqueles que nascem entre 34 e 36 semanas.

Peso

  • Baixo peso: menos de 2,5 kg;
  • Muito baixo peso: menos de 1,5 kg;
  • Extremo baixo peso: aqueles que nascem com menos de 1 kg.

Quanto mais prematuro for o bebê, mais imaturos serão os seus órgãos e maior será o risco de complicações, especialmente para aqueles nascidos antes de 34 semanas de gestação.

Principais causas da prematuridade

A prematuridade pode acontecer de maneira espontânea ou por indicação médica, e sua causa é multifatorial.

A prematuridade espontânea tem como principais causas associadas:

  • Infecções — na maioria das vezes, de origem vaginal (cerca de 1/3 dos casos);
  • Insuficiência istmocervical (abortos com mais de 12 semanas, em geral com pouca dor e rápidos);
  • Antecedente de Cirurgias no Colo Uterino (CAF ou conizacão);
  • Malformações uterinas (útero bicorno, unicorno, didelfos, septado e subseptado);
  • Gravidez gemelar;
  • Tabagismo;
  • Uso de drogas;
  • Idade da mulher. Mães com menos de 15 anos ou mais de 40 apresentam maior probabilidade de ter um bebê prematuro;
  • Desnutrição e obesidade;
  • Falta de acompanhamento pré-natal adequado (9,6% com pré-natal adequado e 15,9% com pré-natal inadequado);
  • Mulheres que tiveram um parto prematuro espontâneo anteriormente têm mais chances de repetir a prematuridade.
Dr. Alan Hatanaka

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A prematuridade por indicação médica pode ocorrer por:

  • Pré-eclâmpsia (pressão arterial alta na gravidez);
  • Restrição de crescimento fetal;
  • Alteração da vitalidade fetal;
  • Trombofilias.

Meu bebê nasceu prematuro. E agora?

Como o organismo do bebê ainda não está completamente desenvolvido, ele pode ter dificuldades para respirar ou mamar, o que pode levar à necessidade de internação em Unidade de Terapia Intensiva Neonatal, principalmente para aqueles com menos de 34 semanas.

A tão esperada alta deve ser dada com cautela, considerando condições familiares adequadas, comprometimento com a realização do método canguru, peso mínimo de 1.600g, ganho de peso e aleitamento adequados, e assegurar o acompanhamento ambulatorial em até 48 horas.

Já em casa, os pais devem ter alguns cuidados especiais com o bebê prematuro, como:

  • Só sair de casa com a criança quando for absolutamente necessário;
  • Utilizar o método canguru (manter, o maior tempo possível, o recém-nascido encostado contra o peito da mãe, o que promove estabilidade térmica);
  • Evitar ao máximo receber visitas;
  • Lavar as mãos com frequência, especialmente antes de tocar no bebê;
  • Realizar o aleitamento materno exclusivo (melhora a imunidade e reduz a chance de alergias alimentares).

Riscos da prematuridade para o recém-nascido

A prematuridade pode acarretar complicações para a saúde dos bebês. Entre elas, as mais comuns são:

Complicações respiratórias: são mais comuns, pois os bebês prematuros nascem com menor quantidade de uma substância nos pulmões chamada surfactante, fundamental para ocorrerem as trocas gasosas. A pneumonia e o pneumotórax (ar fora dos pulmões) são mais frequentes e mais graves em bebês prematuros.

Complicações cardíacas: entre os problemas no coração mais comuns na prematuridade está uma condição chamada “persistência do canal arterial”, um vaso que durante a vida intrauterina faz com que o sangue não passe pelos pulmões, uma vez que o feto recebe o oxigênio por meio da placenta. Normalmente, esse vaso se fecha pouco tempo após o nascimento, mas nos bebês prematuros, muitas vezes, esse processo não acontece de maneira tão rápida quanto nos bebês que nascem a termo.

Complicações intestinais: a enterocolite necrotizante é uma grave complicação intestinal de origem multifatorial, que ocorre com maior frequência na prematuridade. O quadro clínico é de dor e distensão abdominal, podendo aparecer sangue nas fezes. Casos mais graves evoluem com instabilidade na temperatura, parada respiratória, redução da frequência cardíaca e choque.

Complicações neurológicas: principalmente nos casos de prematuridade abaixo de 32 semanas, pode ocorrer hemorragia cerebral nos primeiros dias de vida. Na maioria das vezes, elas são de pequeno porte e reabsorvidas espontaneamente pelo organismo; porém, as mais graves podem gerar paralisia cerebral.

Complicações oculares: a prematuridade pode causar uma lesão ocular chamada retinopatia da prematuridade. Ocorre principalmente em nascimentos abaixo de 32 semanas, em que há sangramento na retina, podendo ocasionar descolamento de retina e perda da visão.

Existem formas de evitar ou prevenir o parto prematuro?

A maneira mais eficaz de prevenir a prematuridade é realizando a consulta pré-concepcional, que deve ser feita pelo menos três meses antes de a mulher engravidar para que sejam avaliados possíveis fatores de risco e as condições gerais de saúde dela.

Além disso, já na gestação, deve-se fazer o acompanhamento pré-natal, conforme orientado pelo médico obstetra, para que a gravidez transcorra de maneira saudável para a mulher e o bebê.

Existem, também, algumas estratégias terapêuticas que o médico pode utilizar assim que for observado risco de prematuridade. Entre elas, destacam-se:

  • Uso de progesterona por via vaginal;
  • Realização da cirurgia de cerclagem uterina;
  • Uso do pessário, um dispositivo de silicone inserido no colo do útero. Seu objetivo é auxiliar no fechamento do colo uterino.

Ter uma vida saudável, associando uma alimentação balanceada com a prática de atividades físicas, também pode influenciar na prevenção da prematuridade.

A importância do pré-natal na prevenção da prematuridade

O essencial para a prevenção da prematuridade é a realização do pré-natal o quanto antes — se possível, antes mesmo de a mulher engravidar.

É esse acompanhamento que avaliará como está a saúde da mulher e quais seus riscos de ter um bebê nascido prematuramente, baseado em seu histórico pessoal e de exames realizados. Muitos deles podem identificar doenças assintomáticas, como infecções vaginais, hipotireoidismo, anemia, insuficiência istmocervical, trombofilias, pressão alta e diabetes, que aumentam as chances de o bebê nascer antes do tempo.

O Prof. Dr. Alan Hatanaka possui título de especialista em ginecologia e obstetrícia, e em medicina fetal. Além de atender em consultório particular, é responsável pelo Setor de Predição e Prevenção do Parto Prematuro na Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo (EPM/UNIFESP).

Durante sua trajetória acadêmica, teve como sua principal linha de pesquisa a prematuridade, representando o Brasil em inúmeros congressos nacionais e internacionais, além de ter participado de dezenas de publicações científicas.

A equipe do Prof. Dr. Alan Hatanaka está aguardando seu contato para iniciar a jornada de uma gravidez saudável e segura.

Fontes

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  3. Nobrega AA da, Mendes YMMB e, Miranda MJ de, Santos ACC dos, Lobo A de P, Porto DL, et al. Mortalidade perinatal no Brasil em 2018: análise epidemiológica segundo a classificação de Wiggleworth modificada. Cad Saude Publica. 2022;38(1).
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  6. Secretaria da Saúde do Estado de São Paulo. chrome-extension://efaidnbmnnnibpcajpcglclefindmkaj/https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/3905402/mod_resource/content/1/manual_de_neonatologia.pdf. 2015. p. 46–46 Manual de Neonatologia.