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Como é feito o cálculo da idade gestacional?
Imagem meramente ilustrativa (Banco de imagens: Shutterstock)

Cálculo é fundamental para determinar o momento de diversos tratamentos, e seu erro pode ser extremamente perigoso ao bebê

Repleto de expectativas e transformações que ocorrem de forma muito rápida, tanto no organismo da gestante quanto no desenvolvimento do bebê, a gestação é um período único na vida de uma mulher.

Inúmeros exames, vacinas e tratamentos devem ser realizados em idades gestacionais bem específicas. Por isso, fazer o correto cálculo da idade gestacional, desde o início da gravidez, é essencial.

Mas será que esse cálculo é simples? Não posso calcular em meses? Vamos tentar explicar neste artigo.

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Como calcular a idade gestacional?

Calculadora de Idade Gestacional

O cálculo da idade gestacional deve ser feito na primeira consulta do acompanhamento pré-natal, e é fundamental que seja registrado na carteirinha da gestante (também chamado de cartão de pré-natal). Na mesma oportunidade, será informada para a família a data provável do parto, a partir de que dia o bebê deixará de ser prematuro e até quantas semanas será seguro permanecer com o bebê na barriga da mãe.

A maneira mais simples de realizar esse cálculo é fazer uma contagem em dias, a partir do primeiro dia do último período menstrual e, depois disso, dividir por 7. O resultado irá representar quantas semanas de gestação a mulher tem.

Exemplo de cálculo da idade gestacional: se a última menstruação foi em 10 de março e a gestante compareceu a uma consulta no dia 15 de maio, teremos:

  • 21 dias de março + 30 dias de abril + 15 dias de maio = 66 dias.
  • 66 dias corresponde ao mesmo que 7 semanas + 3 dias e essa será a idade gestacional.

Muitas mulheres não têm certeza da data da última menstruação. Outras, por sua vez, confundem um sangramento durante a gravidez com menstruação. Ou ainda há mulheres que não apresentam a ovulação na época esperada (que é ao redor do 14º dia do ciclo menstrual). Neste caso, o cálculo da idade gestacional torna-se impreciso.

Exatamente por essa razão, é muito importante que esse cálculo seja confirmado pela ultrassonografia, idealmente, antes de 9 semanas, quando a ultrassonografia tem erro máximo de 5 dias, utilizando a medida do comprimento cabeça-nádegas do embrião de acordo com a Sociedade Internacional de Ultrassonografia em Ginecologia e Obstetrícia (1).

Se o cálculo da idade gestacional pela ultrassonografia < 9 semanas tem diferença de mais de 5 dias com o cálculo da idade gestacional pela última menstruação, vale a ultrassonografia. Caso a diferença seja menor ou igual a 5 dias, vale a última menstruação como referência.

Exemplo de cálculo da idade gestacional pela ultrassonografia considerando o exemplo anterior com 7 semanas e 3 dias: considere que a consulta foi no dia 15 de maio, mas no dia 8 de maio a gestante fez uma ultrassonografia transvaginal demonstrando embrião com 8 semanas.

  • Consulta foi em 15 de maio;
  • A ultrassonografia em 08 de maio com bebê de 8 semanas;
  • Se no dia 08 tinha 8 semanas, 7 dias depois teria 9 semanas, que tem mais de 5 dias de diferença com a idade calculada pela última menstruação (7 semanas e 3 dias), o que nos leva a concluir que a idade gestacional correta é de 9 semanas.

A idade gestacional pela última menstruação é igual ao tempo que estou grávida?

Não. Se pensarmos que, normalmente, a concepção ocorre 2 semanas após a menstruação, a idade gestacional que o médico informa, na verdade, tem duas semanas a mais que a gravidez real.

Mas, na maioria das vezes, não há como adivinharmos que dia ocorreu a concepção; dessa forma, é convenção internacional informarmos a idade gestacional a partir da data da última menstruação.

Por que é importante saber a idade gestacional?

Inúmeros marcos acontecem durante a gestação e dependem do cálculo da idade gestacional.

O primeiro marco, e talvez um dos mais emocionantes, seja a idade gestacional em que o casal pode ouvir o coração do bebê pela primeira vez. Através da ultrassonografia transvaginal é possível ouvir o coração do bebê ao redor de 6 semanas de gestação (1).

O segundo marco é a ultrassonografia morfológica de primeiro trimestre com dopplervelocimetria colorida, que é realizada com 12 semanas de gestação. Nesse exame, avaliamos o risco de doenças cromossômicas (como síndrome de Down) e o risco de pré-eclâmpsia. Além disso, podemos dar um palpite no sexo do bebê (2,3).

Ao redor de 18 semanas, as mulheres podem sentir o bebê movimentar-se e, comumente ao redor de 23 a 24 semanas, outros familiares podem sentir a movimentação.

A ultrassonografia morfológica de segundo trimestre com avaliação transvaginal do colo uterino deve ser realizada entre 20 e 24 semanas, e é fundamental para a avaliação do risco de prematuridade e outras malformações (4–7).

A curva glicêmica para determinar o risco de diabetes gestacional deve ser feita ao redor de 26 semanas (8), assim como a ecocardiografia fetal. A 28ª semana é a melhor época para realização da vacina para coqueluche (tripla adulta acelular). A coleta da cultura para Streptococcus Beta no introito vaginal e anal deve ser realizada com 36 semanas (9).

A importância do cálculo da idade gestacional no parto prematuro

Sabe-se que a prematuridade tardia, entre 34 e 36 semanas e 6 dias, aumenta em cerca de 50% o risco de internação em UTI neonatal, além de aumentar a chance de o bebê apresentar doenças leves e graves após o nascimento (10–12). O Brasil enfrenta uma verdadeira epidemia de partos cesáreos, e sabe-se que partos cesáreos realizados entre 37 e 38 semanas e 6 dias aumentam o risco de uma doença chamada síndrome do desconforto respiratório do recém-nascido, que pode levar o bebê para a UTI, necessitando de assistência respiratória.

Com esses dados, fica evidente a importância do correto cálculo da idade gestacional. Imagine que poucos dias podem separar uma criança que vai para casa com os pais de outra que ficará no hospital por dias. Um erro de cálculo pode fazer com que um bebê seja privado do contato pele a pele e da amamentação precoce, resultando num maior índice de insucesso do aleitamento materno. Mais grave ainda é saber que grandes erros de idade gestacional podem gerar risco de vida para esse bebê.

No contexto oposto, sabe-se que idades gestacionais com mais de 41 semanas estão associadas ao maior risco de óbito fetal. Mais uma vez, a responsabilidade do cálculo da idade gestacional é determinante para a segurança do bebê (13).

Dr. Alan Hatanaka

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Referências Bibliográficas

  1. Medicine the American Institute of Ultrasound in Medicine and the Society for Maternal-Fetal C on OP. Committee Opinion No 700. Obstetrics & Gynecology. 2017;129(5):e150–4.
  2. Rolnik DL, Wright D, Poon LC, O’Gorman N, Syngelaki A, De Paco Matallana C, et al. Aspirin versus placebo in pregnancies at high risk for preterm preeclampsia. New England Journal of Medicine. 2017;377(7):613–22.
  3. Nicolaides KH, DeFigueiredo D do B. O exame ultra-sonográfico entre 11–13 +6 semanas. 2004; Available from: http://www.fetalmedicine.com/synced/fmf/FMF-portuguese.pdf
  4. Chevret S, Rozenberg P, Bussie L, Bernard JP, Malagrida L, Cuckle H, et al. Screening for Down syndrome using first-trimester combined screening followed by second-trimester ultrasound examination in an unselected population. 2006;
  5. Hatanaka AR, Rolo LC, Mattar R, Araujo Jr. E, Nardozza LMM, Moron AF. Reference intervals for fetal ear length between 19 and 24 weeks of pregnancy on 3-dimensional sonography. Journal of Ultrasound in Medicine. 2011;30(9).
  6. Hatanaka AR, Franca MS, Hamamoto TENK, Rolo LC, Mattar R, Moron AF. Antibiotic treatment for patients with amniotic fluid “sludge” to prevent spontaneous preterm birth: A historically controlled observational study. Acta Obstet Gynecol Scand [Internet]. 2019 Sep;98(9):1157–63. Available from: https://onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1111/aogs.13603
  7. Hatanaka AR, Mattar R, Kawanami TEN, França MS, Rolo LC, Nomura RMY, et al. Amniotic fluid “sludge” is an independent risk factor for preterm delivery. Journal of Maternal-Fetal and Neonatal Medicine. 2016;29(1):120–5.
  8. American College of Obstetricians and Gynecologists. ACOG Practice Bulletin No. 190: Gestational Diabetes Mellitus. Obstetrics & Gynecology. 2018 Feb;131(2):e49–64.
  9. Bianchi-Jassir F, Seale AC, Kohli-Lynch M, Lawn JE, Baker CJ, Bartlett L, et al. Preterm Birth Associated With Group B Streptococcus Maternal Colonization Worldwide: Systematic Review and Meta-analyses. Clinical Infectious Diseases. 2017 Nov 6;65(suppl_2):S133–42.
  10. Gouyon JB, Iacobelli S, Ferdynus C, Bonsante F. Neonatal problems of late and moderate preterm infants. Semin Fetal Neonatal Med [Internet]. 2012;17(3):146–52. Available from: http://dx.doi.org/10.1016/j.siny.2012.01.015
  11. Van Der Ham DP, Van Der Heyden JL, Opmeer BC, Mulder ALM, Moonen RMJ, Van Beek JJ, et al. Management of late-preterm premature rupture of membranes: The PPROMEXIL-2 trial. Am J Obstet Gynecol [Internet]. 2012;207(4):276.e1-276.e10. Available from: http://dx.doi.org/10.1016/j.ajog.2012.07.024
  12. Gyamfi-Bannerman C, Thom EA. Antenatal Betamethasone for Women at Risk for Late Preterm Delivery. N Engl J Med [Internet]. 2016 Aug 4;375(5):486–7. Available from: http://www.nejm.org/doi/10.1056/NEJMc1605902
  13. Practice C on O. ACOG committee opinion no. 559: Cesarean delivery on maternal request. Obstetrics & Gynecology. 121(4):904–7.